Congestionamentos em portos chineses vão prejudicar a entrega de equipamentos?

A cadeia produtiva internacional pode ser afetada nas próximas semanas devido ao congestionamento no Porto de Xangai e o acúmulo de contêineres no Porto de Shenzhen, ambos localizados na China. As informações são da Bloomberg.

O acúmulo de contêineres tem se agravado à medida que o congestionamento nos EUA e na Europa retorna à Ásia, atrasando os navios que coletam mercadorias do centro de fabricação e tecnologia.

Além disso, desde semana passada os navios estão indo direto para o Porto de Xangai após a cidade de Ningbo suspender alguns serviços de transporte rodoviário em seu porto devido a um surto de covid-19, piorando a situação.

Outro fator é a aproximação do Ano Novo Chinês, que começa na próxima semana. Os fabricantes do sul da China estão fazendo um último esforço para enviar mercadorias antes do feriado.

Segundo a Bloomberg, em 13 de janeiro os volumes transportados para o terminal de Shenzhen estavam cerca de 30% acima dos níveis de dezembro.

“Assim como o feriado do Ano Novo, ao longo do ano ocorrem várias “Golden Week” na China, que são feriados prolongados propositalmente para que os trabalhadores tenham tempo hábil de retornar às suas cidades de origem e passar um tempo de qualidade com a família, já que é muito comum trabalhadores morarem em outras cidades e dormirem em alojamentos das empresas”, explica Richard Godoy, diretor de Importação da All Commodities China.

Segundo ele, apesar do cenário atual o mercado internacional já vem apresentando sinais positivos. “Realmente, o cenário não está nada favorável perto do que era antes do surgimento do Covid-19, mas temos que ser otimistas. Nas últimas semanas notamos uma leve redução nas tarifas, contêineres que chegaram a ser embarcados na casa dos 14 mil dólares, foram negociados nessa semana por 11 mil dólares, o que nos trás esperança para o cenário pós Ano Novo Chinês”, acrescenta.

Afinal, como essa situação nos portos chineses pode afetar o Brasil?

O Ano Novo Chinês é um feriado que impacta toda a cadeia produtiva fotovoltaica, por este motivo um planejamento prévio é essencial para evitar, segundo avaliação de profissionais do setor solar.

“Quem depende de importações oriundas da China precisa trabalhar com estratégia para evitar atrasos e falta de produtos finais ou matéria prima. Desde o início da pandemia, a palavra estratégia nunca fez tanto sentido, seja para garantir embarque ou já contar com o atraso no lead time dos produtos”, enfatiza Godoy.

“Se a empresa trabalhar com estratégia, como fazemos aqui na All Commodities China, esses impactos não são nem percebidos. Nossos clientes continuam recebendo suas cargas e mantendo suas produções normalmente”, acrescenta Godoy.

Este senso de planejamento também está presente nas empresas que fabricam e importam equipamentos fotovoltaicos. “Todos os anos passamos por esse cenário logístico no pré e pós ano novo chinês, com as fábricas parando e a logística internacional assumindo o caos em todos os setores. Nos últimos anos, com a Covid-19, isso se tornou ainda mais delicado, porém, sabendo dessas dificuldades, preparamos a Esfera Solar para passar os próximos três meses sem que os riscos calculáveis nos afetem”, comenta Gustavo Tegon, co-fundador da Esfera Solar.

“Estamos tranquilos pois estamos com muitos contêineres no porto e embarcados, referente a quase dois meses da produção atual. Mas quem está aguardando a liberação agora está com um problema gigante”, afirma Roberto Caurim, CEO da Bluesun.

Leandro Martins, presidente da Ecori, também afirma que as atividades na empresa não serão afetadas. “Para a Ecori isso não muda nada. As aberturas e fechamentos dos portos na China estão acontecendo desde o ano passado e a Ecori sempre se prepara com antecedência para o Ano Novo Chinês porque sabe que é um período de muitos fechamentos”, destaca.

Outros desafios

Segundo Adilson Lima, gerente de Planejamento e Logística da Canadian, além do Ano Novo Chinês, outros desafios devem impactar o mercado fotovoltaico internacional. “Assim como em 2021, o ano de 2022 será muito desafiador para a cadeia de suprimentos de módulos e inversores, especialmente por ser esperado um aumento na demanda local dada a aprovação da Lei 14.300/2022. O aumento do dólar tem impactado os custos de logística internacional e a proporção oferta e demanda está desigual. Cabe a nós negociarmos bons contratos com armadores para garantir o frete e manter um estoque local para atender todos os clientes”, avalia Lima.

Christian Bernhardt, gerente de Suprimentos da Renovigi, acrescenta que neste ano também teremos o impacto dos Jogos Olímpicos de inverno, que combinado com o aumento de casos da variante Ômicron e política restritiva para a Covid-19 na China, podem ocasionar lockdowns com impacto na cadeia de suprimentos. “Apesar dos obstáculos comentados, acreditamos que com a estratégia de estoque de segurança adotada, não teremos problemas para atender os nossos parceiros e clientes” complementa Bernhardt.

Fonte Canal Solar

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